O leitor português de filosofia, mais precisamente de filosofia da arte e estética, tem finalmente à sua disposição alguns dos principais ensaios do influente filósofo contemporâneo Jerrold Levinson.
O primeiro ensaio da colectânea Investigações Estéticas: Ensaios de Filosofia da Arte, acabada de publicar pelas Edições Afrontamento, é «Definir historicamente a arte», provavelmente um dos seus ensaios mais discutidos. A definição de arte aí proposta constitui uma alternativa não-essencialista à famosa definição institucional defendida por George Dickie e outros. Ambas as propostas de definição são, de resto, estudadas e discutidas nas aulas de Filosofia do 11.º ano. A tradução deste texto de Levinson pode, por isso, ser de grande utilidade também para professores e estudantes.
Além deste ensaio, que pretende esclarecer o próprio conceito de arte, há outros que procuram responder a perguntas de carácter menos geral, mas sobre questões não menos intrigantes.
Por que razão reagimos emocionalmente (chorando, por exemplo) a situações que acreditamos serem ficcionais e que, portanto, sabemos não apresentarem (nem representarem) algo que tenha realmente acontecido?
Por que razão apreciamos obras de arte que despertam, exprimem ou evocam em nós emoções negativas (como a tristeza, por exemplo), as quais geralmente procuramos evitar?
A apreciação musical de obras de larga escala (sinfonias, por exemplo) exige da parte do ouvinte que ele seja capaz de reconhecer o desenvolvimento da estrutura sonora subjacente à obra em causa?
A intenção do autor ao escrever uma dada obra literária é determinante para uma compreensão apropriada do significado dessa obra?
O que é o humor?
Como distinguir arte erótica de pornografia? E há realmente arte pornográfica?
O que significa algo ter valor intrínseco? Haverá experiências ou objectos intrinsecamente valiosos?
O leitor poderá surpreender-se com algumas respostas. Mas poderá confirmar que todas elas são cuidadosamente fundamentadas. Concordar ou não com elas faz parte do desafio que decorre da leitura deste livro.
Sem comentários:
Enviar um comentário