quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A ciência está mesmo em crise

Que a ciência está em crise é um facto inegável, diz a controversa cientista Sabine Hossenfelder. Pelo menos é o que se passa na investigação sobre os fundamentos da física, área de investigação de Hossenfelder. E o pior, garante ela no seu canal do YouTube, é que nem sequer se vislumbra qualquer sinal de progresso nos próximos tempos. 

Mas porquê? A resposta de Hossenfelder é que, desde há mais de 50 anos, os físicos têm tentado fazer progressos recorrendo a métodos que têm falhado sucessivamente, sem sequer se admitir a possibilidade de tais métodos serem simplesmente errados. É a insistência nesses métodos que tem impedido a auto-correcção necessária ao avanço da ciência. 

Mas que métodos são esses? Hossenfelder afirma que se trata de métodos baseados simplesmente na especulação matemática, e na criação de modelos matemáticos que não são testáveis, como é o caso das teorias das cordas, dos multiversos, da super-simetria e da inflação, que Hossenfelder admite serem interessantes, mas não científicas. Trata-se, considera ela, de pseudociência.

O mais grave é que o actual impasse da ciência é, afirma Hossenfelder, um problema sistémico, causado pela maneira como a investigação académica tem sido organizada, a qual assenta no reforço comunitário decorrente do modo como a investigação está a ser financiada. Isso leva os cientistas a optar pela investigação com maior garantia de financiamento e a arriscar pouco, o que tem gerado um fenómeno de auto-replicação e de demasiada especulação pseudocientífica. Por isso, ela diz confiar cada vez menos na ciência. Não porque haja algo melhor para a substituir, mas porque a ciência está simplesmente doente. E isto não acontece apenas no domínio dos fundamentos da física, mas em praticamente todas as áreas científicas, em que a enorme quantidade de investigação e de investigadores actuais não corresponde a um maior número de descobertas substanciais. Como mostra abundantemente noutro vídeo do seu canal, há 50 anos conseguiam-se muito mais resultados científicos substanciais com muitíssimos menos cientistas. A ciência estagnou e algo vai muito mal...

Para quem torce o nariz ao que esta cientista diz, o melhor mesmo é ver os vídeos que todas as semanas publica no seu canal. Em minha opinião, é provavelmente o melhor canal do YouTube: informativo, provocador, corajoso e também humorístico. Tudo isto pode ser confirmado neste vídeo.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Uma suave brisa para aconchegar mentes melancólicas

VOCES8: The Saddest Noise from 'The Lost Birds' by Christopher Tin

Quem procura uma beleza despojada e tranquila, mas também esperançosa, tem nas gravações do grupo vocal inglês VOCES8 um bom ponto de partida. Como, por exemplo, esta interpretação de The Saddest Noise, do jovem compositor americano de origem chinesa Christopher Tin. A orquestra é dirigida pelo próprio compositor.

As interpretações de música coral do grupo VOCES8, tanto de compositores antigos como de contemporâneos (de Allegri, a Bruckner, Dvorak e Sibelius, e de Fauré, a Billy Joel e Ola Gjeilo) são sempre belas e cativantes. Vale a pena confirmar no YouTube, onde se encontram interpretações ao vivo deste grupo excelente.