Que a ciência está em crise é um facto inegável, diz a controversa cientista Sabine Hossenfelder. Pelo menos é o que se passa na investigação sobre os fundamentos da física, área de investigação de Hossenfelder. E o pior, garante ela no seu canal do YouTube, é que nem sequer se vislumbra qualquer sinal de progresso nos próximos tempos.
Mas porquê? A resposta de Hossenfelder é que, desde há mais de 50 anos, os físicos têm tentado fazer progressos recorrendo a métodos que têm falhado sucessivamente, sem sequer se admitir a possibilidade de tais métodos serem simplesmente errados. É a insistência nesses métodos que tem impedido a auto-correcção necessária ao avanço da ciência.
Mas que métodos são esses? Hossenfelder afirma que se trata de métodos baseados simplesmente na especulação matemática, e na criação de modelos matemáticos que não são testáveis, como é o caso das teorias das cordas, dos multiversos, da super-simetria e da inflação, que Hossenfelder admite serem interessantes, mas não científicas. Trata-se, considera ela, de pseudociência.
O mais grave é que o actual impasse da ciência é, afirma Hossenfelder, um problema sistémico, causado pela maneira como a investigação académica tem sido organizada, a qual assenta no reforço comunitário decorrente do modo como a investigação está a ser financiada. Isso leva os cientistas a optar pela investigação com maior garantia de financiamento e a arriscar pouco, o que tem gerado um fenómeno de auto-replicação e de demasiada especulação pseudocientífica. Por isso, ela diz confiar cada vez menos na ciência. Não porque haja algo melhor para a substituir, mas porque a ciência está simplesmente doente. E isto não acontece apenas no domínio dos fundamentos da física, mas em praticamente todas as áreas científicas, em que a enorme quantidade de investigação e de investigadores actuais não corresponde a um maior número de descobertas substanciais. Como mostra abundantemente noutro vídeo do seu canal, há 50 anos conseguiam-se muito mais resultados científicos substanciais com muitíssimos menos cientistas. A ciência estagnou e algo vai muito mal...
Para quem torce o nariz ao que esta cientista diz, o melhor mesmo é ver os vídeos que todas as semanas publica no seu canal. Em minha opinião, é provavelmente o melhor canal do YouTube: informativo, provocador, corajoso e também humorístico. Tudo isto pode ser confirmado neste vídeo.
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