sexta-feira, 17 de julho de 2015

A distinção analítico-sintético é um dogma?


Ao lavar a cara a este blogue, agora já não motivado por preocupações de carácter didáctico, lembrei-me de um ensaio que escrevi em 2002 e que foi publicado na revista Intelectu, nº 6. O ensaio beneficiou da discussão com o professor António Zilhão, a quem agradeço.


Neste ensaio procuro avaliar os argumentos de Quine contra a distinção analítico-sintético. Dado que as críticas de Quine se reportam a uma distinção consagrada pela tradição filosófica, começarei por caracterizar as noções tradicionais de analítico e de sintético. Na segunda secção, apresentarei os argumentos de Quine, que se encontram principalmente no seu ensaio Two Dogmas of Empiricism, contra o que diz ser um dogma apoiado em ilusões. Na terceira secção confronto os argumentos de Quine com algumas das réplicas que lhes foram dirigidas no sentido de reabilitar a distinção ameaçada. Entre muito do que se escreveu sobre o referido ensaio de Quine, escolhi apenas duas tentativas de resposta aos seus argumentos: um ensaio mais antigo, que entretanto se tornou uma referencia obrigatória nesta disputa, e um outro bastante mais recente. O primeiro é o ensaio In Defense of a Dogma de Grice e Strawson e o segundo é Quine’s Holism and Functionalist Holism de Michael McDermott, publicado na revista Mind de Outubro de 2001. Numa quarta e última secção apresentarei brevemente a minha avaliação do confronto de argumentos desenvolvidos nas secções anteriores, concluindo que o mérito de Quine consistiu principalmente em ter derrubado um dogma, mas deixando de pé a distinção. Tentarei aí mostrar que esta última afirmação não envolve qualquer contradição. 

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