terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A moral incomoda. Porquê fazer o que nos incomoda?


Dizem-nos tantas vezes que não se deve fazer o que nos está mesmo a apetecer fazer; que é errado fazer o que nos dava mesmo jeito fazer; que temos a obrigação de fazer o que não nos convém mesmo nada fazer. Mas porquê? 

Por que não havemos de fazer simplesmente o que nos apetece ou o que mais nos interessa, independentemente de isso ser correcto ou não? Não é verdade que a moral nos atrapalha tantas vezes e que parece ir contra os nossos interesses pessoais? Sendo assim, por que havemos de ser morais? Por que não proceder como Jean-Baptiste Grenouille, a personagem principal do filme (e do livro) O Perfume, e simplesmente esquecer a moral? Algum dos leitores tem alguma ideia?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Objectivismo moral


Ana - Matar animais para os comer é moralmente errado. Não concordas Rui?
Rui - Não. Pelo contrário, matar animais para os comer nada tem de errado. E tu, Carla, concordas comigo ou concordas antes com a Ana?
Carla - Humm, para ser sincera, não sei bem. Estou algo confusa e não sei o que pensar sobre isso.

Tendo em conta que o objectivismo moral defende que o certo e o errado não dependem das opiniões de cada pessoa, será que tanto a Ana como o Rui e a Carla podem ser todos objectivistas?

Podemos realmente saber/conhecer alguma coisa?


Quão grande é realmente a diferença entre saber algo ou pensar que se sabe algo?

Pegando no exemplo discutido na última aula:

Um homem apaixonado por ténis e muito rico viaja para ver um jogo fenomenal entre duas estrelas, que já tinham jogado entre si no ano anterior. Chega ao campo em cima da hora, não arranja bilhetes e como o jogo já começou vai para o hotel vê-lo na televisão. Depois, no pub, um amigo diz-lhe que o jogo foi adiado por umas horas por causa da chuva e que em vez de passarem o jogo desse ano passaram o do ano passado e que, por acaso, o resultado final foi igual.

Portanto, ele tinha a crença de que o seu jogador favorito tinha ganho, a crença era justificada porque o tinha visto na tv e por acaso era verdadeira... Mas será que isso faz com que ele soubesse que o seu jogador preferido tinha ganho? Na minha opinião não, porque a sua justificação não era aceitável, apesar de pensar que o era. Ele não sabia... Ele pensava que sabia.

É como as cores, por exemplo... quando olhamos para uma parede branca pensamos o óbvio: ela é branca. Porém analisemos: as cores que nós vemos são as que são reflectidas para os nossos olhos, mas, se são reflectidas, então o objecto em questão não as tem...assim sendo, as verdadeiras cores de um objecto são as que ele tem, ou seja, as que ele absorve. se vemos a parede branca é porque ela reflecte o branco, ou seja, reflecte todas as cores. Se reflecte todas as cores, não possui nenhuma, logo, a parede é preta.

Nós tinhamos a crença de que a parede era branca, e a crença era justificada: nós viamos com os nossos proprios olhos! Mas será que a justificação é boa? Ou so parece que é boa? E se não for, como podemos saber quando uma justificação é ou não é realmente boa? Como podemos realmente saber alguma coisa?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Conhecimento? O que quer isso dizer?


Professor - Será que todo o conhecimento é adquirido ou, pelo contrário, há coisas que nós sabemos e que não foi preciso aprender?

Ana - Acho, professor, que há certas coisas que nunca precisámos de aprender e que, portanto, vêm connosco de nascença.

Professor - Quer isso dizer que há conhecimentos inatos?

Ana - Sim, é isso mesmo.

Professor - És capaz de dar um exemplo de um conhecimento assim?

Ana - Olhe, professor, eu nunca aprendi a respirar: é algo que eu sei desde sempre.

Será a resposta da Ana uma resposta adequada?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os ateus e o Natal


Richard Dawkins, um biólogo ateu militante

Volta e meia lemos notícias de protestos contra a existência de crucifixos em salas de aula de algumas escolas públicas. Argumenta-se que o estado, de que todos fazemos parte, é laico e não deve privilegiar qualquer confissão religiosa. Se a escola é de todos, sejam católicos, islâmicos, hinduístas, budistas, judeus ou ateus, então não é adequado manter símbolos desta ou daquela religião, ainda que seja praticada pela maioria dos portugueses, tal como não é adequado colocar nas paredes das salas das escolas públicas símbolos do Benfica ou do Partido Socialista, caso os portugueses sejam maioritariamente benquistas ou socialistas.

Mas se assim for, contra-argumentam algumas pessoas, também temos de alterar os nomes de muitas ruas, vilas e cidades do país que têm nomes de santos e de outras entidades religiosas. É até comum os hospitais públicos terem nomes de santos. E, já agora, o que fazer aos feriados religiosos e às férias da Páscoa e do Natal? Também deviam essas festas acabar, para que os cidadãos de outras confissões religiosas e os ateus não se sintam incomodados?

Talvez se trate, contudo, de coisas diferentes. É importante não ignorar que as sociedades mudam ao longo dos tempos. Os portugueses dos nossos dias não são os mesmos portugueses que viveram em séculos passados. As sociedades e as culturas não são, pois, estáticas. Sem dúvida que, apesar das mudanças, algo permanece. Mas nem sempre o que se recebe da herança cultural e as práticas sociais contemporâneas têm de ser consonantes. 

Isto levou-me a pensar numa outra questão interessante: estarão os ateus a ser incoerentes ao festejarem o Natal, que é uma festa de origem religiosa? Será coerente exigir a remoção dos crucifixos das escolas públicas e, ao mesmo tempo, envolver-se na celebração do Natal, montar a árvore de Natal em casa, desejar um feliz Natal aos amigos e conhecidos e fazer questão de passar o Natal em família?

domingo, 20 de dezembro de 2009

argumentos de carácter emocional


Na ultima aula de filosofia, o Prof. Aires chamou-me a atenção para o uso de argumentos de carácter emocional, no post do vegetarianismo, porque os nossos argumentos devem ser sempre racionais, caso contrário não são 100% filosóficos dado que a base da filosofia é a razão. Eu concordei com ele, se não fosse a razão o nosso guia filosófico, então muito provavelmente perdiamo-nos muitas vezes. Mas não sei porquê, naquele dia pus-me a pensar e cheguei à conclusão de que afinal, na minha opinião, claro está, a maioria, se não todos os argumentos têm uma base emocional, mesmo aqueles que parecem mesmo frios e desprovidos de algo mais que a razão. Ora vejamos, nós argumentamos para tentarmos convencer os outros de que estamos certos, e assim se conseguir chegar a uma verdade na discussão filosófica. Porém, por detrás daquilo que argumentamos costuma estar um desejo ou um medo, que são emoções. Por exemplo, no post do vegetarianismo, o Sérgio argumentava, porque na verdade gostava de comer carne e queria continuar a comê-la sem se sentir mal e a Lúcia argumentava porque tinha uma empatia pelos animais que não a deixava comer carne e que a faria achar que ninguém devia. Hittler argumentava contra os judeus, pois eles dominavam a economia e ele desejava que fossem os arianos, estando com medo de ser controlado por alguém que não fosse da sua raça, e os que defendiam os judeus (em segredo) tinham medo de todas as mortes e/ou empatia por eles, os moralistas defendem "mentir é errado" mas na verdade o que estão a dizer é "abaixo o mentir!" e defendem também que "dizer a verdade é correcto" mas não quererão dizer "viva a dizer a verdade!"? Quando a frase se torna exclamativa, revela emoções.

Sendo assim, como podemos excluir as nossas emoções dos nossos argumentos?

Digam-me, isto faz algum sentido, ou há alguma coisa que não esteja a ver bem?

sábado, 12 de dezembro de 2009

As mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos?


Juiz - Outra vez por cá, senhor Abílio? Está a tornar-se um frequentador assíduo deste tribunal. Parece que voltou a agredir outra pessoa.
Abílio - Teve de ser! Que hei-de eu fazer?
Juiz - Quer dizer que não podia evitar? Como assim? Olhe que há muita gente que nunca agrediu seja quem for. Portanto, não me venha dizer que não tinha como evitar.
Abílio - Pois, há quem nunca tenha agredido ninguém porque nunca se encontrou na mesma situação que eu. Até o senhor doutor juiz faria o mesmo, se estivesse no meu lugar.
Juiz - Mas... diga lá, então, o que aconteceu.
Abílio - Esmurrei uma pessoa que me insultou, chamando-me «bufo». Claro que tive de defender a minha honra.
Juiz - Mas ela ter-lhe chamado bufo, ou delator, não é caso para a esmurrar. Há muitas pessoas que, no seu lugar, não o fariam. Eu, por exemplo, nunca o faria.
Abílio - É porque o senhor doutor juiz não se consegue colocar mesmo no meu lugar.
Juiz - É claro que consigo! E garanto-lhe que nunca procederia assim. Também já disseram de mim coisas bem desagradáveis. E, olhe, nem sequer liguei!
Abílio - Mas isso não significa que se está a imaginar no meu lugar. Pôr-se no meu lugar não é só passar por uma situação semelhante. É também pensar como eu, ter tido a mesma educação que eu, a mesma cultura, as mesmas vivências e até ter as mesmas características genéticas que eu.
Juiz - Bem, por isso é que somos diferentes, claro. Mas explique lá melhor onde quer chegar.
Abílio - Veja bem, provavelmente o senhor doutor foi educado de maneira muito diferente, mas eu fui ensinado desde pequeno a reagir sempre que me insultam. Além disso, no meio em que fui criado, «bufo» é a pior coisa que se pode chamar a uma pessoa, pelo que temos de defender a nossa honra. Caso contrário, somos mal vistos e considerados cobardes pelos nossos amigos, que é do pior que nos pode acontecer. Também lhe digo que a violência sempre fez parte da minha vida, de maneira que passei a encará-la como algo normal e aceitável. Além disso, sou uma pessoa muito nervosa e sou agressivo por natureza. Herdei essas características do meu pai e não tenho culpa disso. Portanto, pôr-se no meu lugar é pôr-se na minha cabeça, ter os pensamentos e desejos que eu tenho, olhar para as coisas com os meus olhos e sentir as coisas como eu as sinto. Não tenho culpa de pensar como penso, de sentir como sinto e de ser como sou.
Juiz - Ora, ora, está a querer dizer que não tinha opção?
Abílio - Dada a maneira como fui educado, o meio em que me movo, as experiências por que passei e a minha própria natureza, não podia ter feito outra coisa. Se o senhor doutor juiz estivesse na minha pele e na minha cabeça, faria exactamente o mesmo.
Juiz - Salvo seja!
Abílio - Lá está! Não consegue pôr-se exactamente no meu lugar. Mas se as circunstâncias fossem exactamente as mesmas, o efeito seria também o mesmo. Portanto, dado as circunstâncias serem essas e não outras, não tive realmente opção.
Juiz - Não me venha com histórias! O senhor fez aquilo que quis fazer.
Abílio - Mas é claro que fiz o que queria fazer. Nunca o neguei. Mas o que digo é que algo que eu não controlo me levou a querer fazer isso. Quis fazer o que fiz, sem dúvida, mas a verdade é que não mando realmente nos meus desejos.



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fazemos mesmo o que queremos?

Todos os anos por altura do Natal é a mesma coisa e todos os anos penso que no próximo vai ser diferente. Não quero voltar a perder horas entre multidões que se acotovelam nas lojas a comprar inutilidades. E para quê?

São prendas para os meus pais, para os amigos e as crianças dos amigos, para os vizinhos e as crianças dos vizinhos, para os tios e os primos mais chegados, para a namorada, para os avós e ainda os outros de que agora me lembro - há sempre alguém que se esquece e que nos leva à última hora a correr aos centros comerciais à procura sabe-se lá bem do quê. Tudo isto sem contar com o dinheiro que se gasta e o cansaço que se apanha.

Não, estou farto! Este ano vai ser diferente e não vou mais alinhar nestes rituais consumistas sem sentido. Afinal, por que hei-de eu fazer o que não quero? Só porque é costume e os outros também o fazem? Mas não sou um carneiro para fazer algo só porque os outros o fazem também. Parece mal? Quero lá saber disso! As pessoas que levarem a mal é porque, afinal, não interessam mesmo.

É isso, este ano não ofereço prendas no Natal e é isso vou dizer aos meus pais, avós, irmãos, namorada, amigos, vizinhos e colegas mais chegados. Que alívio!

Bom, pensando bem, à minha namorada tenho mesmo de oferecer qualquer coisa (aliás, qualquer coisa não pode ser, pois ela é bem esquisita). Ela de certeza que iria atirar-me isso à cara um dia, até porque me anda sempre a falar daquele perfume de que gosta mesmo muito. Coitada, até merece e é bem capaz de estar à espera disso. Não, não a vou decepcionar.

Ah, é verdade, a minha prima Aurélia de certeza que me vai oferecer uma boa prenda, como de costume. Eu bem lhe digo que não vale a pena, mas ela gosta mesmo destas coisas. Se calhar não ia entender se eu não lhe oferecesse algo, por muito simples que seja. Ok, ofereço-lhe o último disco da Shakira, que ela gosta muito, e pronto. Nesse caso, tenho também de dar algo aos meus avós, coitados. Mas isso é fácil, dou-lhes um par de meias ou algo parecido, pois contentam-se com pouco. Para eles, que estão habituados a isso, o que importa é apenas o gesto.

Sendo assim, os meus pais são capazes de ficar tristes se virem que ofereço algo aos outros e não penso neles, mesmo que não mo digam. Tenho de lhes oferecer alguma coisa também. Mas a mais ninguém... a não ser às crianças do vizinho. Esses é que não vão mesmo entender se não lhes der um brinquedo qualquer, até porque eles vão dar-me alguma coisa (comprada pelos pais, claro). Além disso, o vizinho é muito simpático e dá importância a estas coisas. E o meu tio Tobias, que tem a mania de oferecer coisas caras? No ano passado deu-me ipod bem fixe. Bom, esse é que não posso mesmo deixar de mãos a abanar. E já me estava a esquecer da ...

Espera aí! Lá volta, contra a minha vontade, tudo outra vez ao mesmo. Mas será que não consigo fazer o que quero? Afinal quem manda em mim? Será que sou mesmo livre de fazer o que bem entender? Todos os anos digo a mesma coisa e todos os anos acabo por fazer o mesmo. Mas porquê? No fundo é porque não sou mesmo capaz de me estar nas tintas para o que os outros pensam. Que hei-de fazer? Não tenho culpa de ser assim (ou, talvez, de me terem feito assim). No fundo, isto de termos controlo sobre as nossas acções é uma ilusão. Acabamos sempre por fazer o que se espera que façamos.

O que me dizem disto tudo?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Dia mundial da filosofia: respeitar os filósofos

Hoje é o dia mundial da filosofia. Acho que um dia só é pouquíssimo.
Para assinalar este dia, pediram-me para escrever um texto sobre algumas afirmações célebres de filósofos à minha escolha. Deixo-vos aqui o texto com o resultado das minhas reflexões filosóficas, esperando que mostrem algum respeito, mas nenhum respeitinho, nos vossos comentários.


Respeito pelos filósofos

Há quem encare os filósofos como deuses ou como sábios: com muito respeitinho, não ousando discordar deles. Para essas pessoas, as palavras de um filósofo são como a voz de um oráculo que, em vez suscitar discussão, é preciso aceitar e repetir respeitosamente. Mas isso é a própria negação da filosofia, pois é um convite à suspensão da nossa capacidade crítica.

Olhar para os filósofos desta maneira é confundir filosofia com religião. Além de que, por incrível que possa parecer a algumas pessoas, os filósofos são seres humanos como os outros: comem, dormem, amam, choram, vão à praia, usam telemóvel e... erram. Assim, a melhor maneira de respeitar um filósofo é encará-lo simplesmente como filósofo – não como pregador – discutindo criticamente as suas ideias. O que os filósofos querem é respeito, não respeitinho.

Eis, pois, algumas afirmações de filósofos importantes que, com o devido respeito, me parecem disparatadas:

Do que não se pode falar, há que ficar em silêncio. Wittgenstein, o autor desta afirmação, considerava que o mais importante é precisamente o que não pode ser dito. Mas deverá esta afirmação ser levada a sério? Se sim, Wittgenstein está a ser incoerente, pois está a exprimir algo acerca do que não se pode falar. Razão parece ter um outro filósofo, Frank Ramsey, ao comentar que o que não pode ser dito nem sequer pode ser assobiado. Pelo que se vê, Wittgenstein fez mais do que assobiar, pois não conseguiu ficar em silêncio acerca do que não se pode falar.

Até aqui os filósofos têm-se dedicado a interpretar o mundo, porém o que importa é transformá-lo. Marx, autor da frase, dava uma prioridade à praxis (prática ou acção) em relação à teoria. Mas há demasiados exemplos de que a prática, quando não é iluminada por uma compreensão prévia da realidade, acaba por se tornar cega e mesmo perigosa. Como sabemos o que transformar ou sequer se podemos mudar o que ainda não tentámos compreender? E será que é realmente importante mudar o que eventualmente possa estar bem? Não será fundamental saber antes o que está bem ou mal e porquê para sabermos se vale realmente a pena mudar seja o que for? Assim, a ideia subjacente de que a teoria e a prática são coisas divergentes é manifestamente errada e até perigosa.

O que não me mata torna-me mais forte. Disse-o Nietzsche, mas também o dizia a minha avó, que nunca ouviu sequer falar de Nietzsche. E até já a avó da minha avó o dizia também, só que de uma forma ligeiramente diferente: o que não mata engorda. Mas basta pensar um pouco para ver que tanto Nietzsche como a minha avó foram algo precipitados a tirar conclusões, o que se desculpa mais à minha avó do que a Nietzsche. A ideia de Nietzsche é a de que a vida é para ser vivida sem restrições, sem disfarçar a dor e a alegria, como acontece com os mais fortes e corajosos, que nada rejeitam. Assim, dar o peito às balas é próprio dos mais fortes. Só que há balas que não matam mas moem, deixando-nos fracos e feridos para o resto da vida. Nem Nietzsche nem a minha avó foram capazes de evitar uma falácia muito comum: a falácia da generalização precipitada.

Claro que as frases destes filósofos têm mais que se lhes diga e o contexto em que foram produzidas pode dar-lhes outro sentido. Mas tem de se começar a discussão por algum sítio e isto é só um princípio de discussão.

Com muito respeito, mas sem qualquer respeitinho.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quantas acções?

Salvatore, um membro da máfia siciliana, dirige-se a um apartamento da cidade de Palermo com uma metrelhadora nas mãos para fazer um ajuste de contas. Há quatro membros de famílias rivais que ele quer eliminar e sabe que, nessa noite, os quatro se juntam no apartamento para jogar às cartas. Sobe as escadas, arromba a porta do apartamento e surpreende os quatro inimigos sentados à mesa. Descarrega as balas da metrelhadora sobre eles, matando-os.

Sucede que, ao fundo da sala, estava uma quinta pessoa - a Luciana - atrás de uma cortina de tecido a fazer café para os outros. A Luciana foi também atingida e morreu. Salvatore desconhecia a Luciana e nem sequer sabia que estava na sala.

Pergunta-se: o Salvatore realizou a acção de matar a Luciana? E realizou cinco acções (matar cada uma das cinco pessoas) ou apenas quatro (disparar sobre os quatro jogadores de cartas)? Ou será que apenas realizou uma acção, a acção de matar cinco pessoas?

O que vos parece?