quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Francisco, sobre a eutanásia.

Publiquei aqui mais um ensaio filosófico de um aluno, com a devida autorização. Desta vez é o Francisco que argumenta a favor da eutanásia. Algumas reacções ao artigo do Francisco podem ser lidas aqui.

Obrigado, Francisco. E boas férias. No próximo ano haverá mais ensaios.

Francisco Sousa, 10º H

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A verdade a virtude

Rui Cunha ensinou para a verdade e a virtude, como defende Locke. Isto é algo que espero ter ficado registado na apresentação que fiz do livro de um amigo, que continuará a ser sempre um exemplo e uma inspiração.

Obrigado ao fantástico grupo de filosofia da minha escola pela iniciativa, à Biblioteca Municipal de Portimão pelo acolhimento, à Biblioteca da ESMTG pelo empenho, ao director da ESMTG Telmo Soares pela presença e à Drª Fernanda Virgínia Cunha pelo exemplo.

E a todos os presentes por terem feito questão de estarem lá. 


domingo, 26 de maio de 2013

Educar para a Verdade e a Virtude

Estão todos convidados para a apresentação do livro Educar Para a Verdade e a Virtude, de Rui Cunha.

A inciativa é do grupo de Filosofia da Escola Secundária Teixeira Gomes e conta com a colaboração da  Biblioteca Municipal de Portimão, local onde se realizará a apresentação, no próximo dia 31 de Maio, pelas 18:00.

Rui Cunha, que infelizmente já não está entre nós, foi professor de Filosofia desta escola, tendo deixado muitas saudades, tanto pela pessoa que era como pelas suas capacidades intelectuais. O livro é um estudo sobre a filosofia da educação de John Locke, o filósofo empirista inglês, e será apresentado por mim.

Aqui fica o convite.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Um clássico da filosofia da arte

Acabou de ser publicado o ensaio filosófico O Que é a Arte? (Gradiva) do grande escritor russo Lev Tolstói. O livro foi traduzido directamente do russo por Ekaterina Kucheruk, minha ex-aluna na Escola Secundária Teixeira Gomes (que está agora a concluir o seu curso de medicina em Lisboa), e tem uma introdução feita por mim. 

A definição da arte de Tolstói costuma ser estudada e discutida no 10º ano, nas turmas em que se opta pela estética.

Para os que ainda não sabem quem foi Tolstói, aqui fica a brevíssima apresentação que se encontra numa das badanas da capa do livro.


Tolstoi (1828, Iasnaia Poliana - 1910, Astapova), autor de obras universais como Guerra e Paz (1865-69), Ana Karenina (1875-77), A Morte de Ivan Ilitch (1886) ou Sonata Kreuzer (1889), é por muitos considerado um dos maiores romancistas de todos os tempos. Nascido no seio da alta aristocracia russa, pai de treze filhos e autor mundialmente reconhecido, acabou por ser assaltado pelas dúvidas próprias dos «homens inúteis» que usufruem de todo o sucesso e riqueza no meio da miséria do povo. Isso levou-o a procurar um verdadeiro sentido para a sua vida, encontrando-o numa religiosidade despojada e interior, avessa à Igreja e seus rituais, bem como numa vida simples, entre os mais simples. Foi durante este último período da sua vida que se dedicou ao ensaísmo filosófico, escrevendo sobre questões morais, religiosas, políticas e estéticas, de que se destacam Confissão (1882) e, precisamente, O  Que é a Arte? (1898).

quinta-feira, 4 de abril de 2013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Prova Oral em diferido

Aqui está o podcast com a minha participação no programa Prova Oral, de Fernando Alvim e Xana Alves, na Antena 3. Sobre filosofia, claro.

Eu e os temíveis examinadores Fernando Alvim e Xana Alves.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Saber discordar


Qual é a negação de «O João e a Joana amam-se»?

Parece fácil? Pois, mas não é. Que o digam os alunos do 10º N, que levaram algum tempo perdidos com tentativas falhadas, até chegarem à resposta certa. O que, de resto, mostra que gostam de pensar e de aprender.

Antes de dar a resposta, vale a pena dizer algo mais.

Como seria de esperar, os filósofos passam o tempo a discutir. Discutem porque discordam: aquilo que uns pensam ser verdadeiro outros acreditam ser falso. Isso é o que leva uns a negar o que outros afirmam. Por exemplo, se um filósofo A defender a tese de que temos livre-arbítrio e outro filósofo B negar tal tese, este filósofo B estará, por sua vez, a defender outra tese: a tese de que não temos livre-arbítrio. Neste caso é fácil ver que a negação da afirmação «Temos livre-arbítrio» é «Não temos livre-arbítrio». 

Mas era bom que todas as negações fossem assim tão fáceis de compreender. Algumas teses filosóficas (e não só, claro) são mais complexas, pelo que temos de ter cuidado para não nos enganarmos a negá-las, caso nos pareça que não concordamos com elas.

As teses são aquilo a que se costuma chamar «proposições», as quais são expressas por meio de frases declarativas. A primera coisa que precisamos de compreender para negar correctamente uma dada tese ou proposição é a própria noção de negação. Ora, a negação é uma relação entre proposições, sendo que duas proposições são a negação uma da outra quando não podem ser ambas verdadeiras nem podem ser ambas falsas: a verdade de uma delas implica a falsidade da outra e vice-versa. 

Por exemplo, a negação de «Alguns algarvios são inteligentes» não é, como precipitadamente certos alunos dizem, «Alguns algarvios não são inteligentes», até porque as proposições expressas por estas frases são ambas verdadeiras. Do mesmo modo, a negação da tese de que todo o conhecimento tem origem na experiência não é, como por vezes se lê até em manuais de filosofia, que nenhum conhecimento tem origem na experiência. Isto porque se, por hipótese, for verdade que algum tem origem na experiência e outro não, então ambas as proposições anteriores serão falsas. Ora isso nunca pode ocorrer entre duas proposições que se negam mutuamente.

Mas podemos dar outros exemplos complexos. Há filósofos que defendem, por exemplo, que se o determinismo é verdadeiro, então não temos livre-arbítrio (já agora, esta é conhecida como «a tese incompatibilista»). E, claro, há filósofos que discordam (os compatibilistas). O que defendem então os compatibilistas? Bom, estes defendem a negação da tese incompatibilista: que o determinismo é verdadeiro e que temos livre-arbítrio.

Regressemos agora à pergunta inicial. Parece que a negação de «O João e a Joana amam-se» é «O João e a Joana não se amam». Pois parece, mas não é!

E não é, porque ambas as proposições expressas pelas frases anteriores podem ser falsas, apesar de não poderem ser ambas verdadeiras. Para compreender melhor isto, imagine-se que o João ama, de facto, a Joana, mas que a Joana se está nas tintas para o João. Neste caso, a proposição de que o João e a Joana se amam seria falsa. Mas assim também a proposição de que o João e a Joana não se amam seria falsa, dado ser falso que o João não ama a Joana. 

Concluindo, só há uma maneira de negar a proposição de que o João e a Joana se amam, que é a seguinte: o João não ama a Joana ou a Joana não ama o João.

Às vezes as pessoas pensam que estão a negar o que outros dizem e não estão a negar coisa alguma. É por isso que precisamos de aprender a discordar.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Somos todos egoístas?

Foto: Aires Almeida

Eis a resposta de um filósofo à pergunta anterior. Pergunta e resposta encontram-se no interessante livro Que Diria Sócrates? (Gradiva), organizado por Alexander George. Podemos ler aí (na p. 237) o seguinte:

PERGUNTA
«Estou convencido de que todas as acções humanas são motivadas por interesse próprio: mesmo as chamadas acções altruístas são levadas a cabo com o objectivo de redimir uma culpa, ou de obter aprovação por parte de outros, ou mesmo para usufruir daquele sentimento agradável que nos preenche quando sabemos que fizemos uma coisa boa (acção que é essencialmente egoísta, considerando que o indivíduo que a pratica recebe uma recompensa espiritual, em vez de uma recompensa material). Como discordariam desta posição?»

RESPOSTA
PETER LIPTON: Há dias, estava eu a almoçar quando um diabinho poderoso me deu a escolher entre duas hipóteses: uma, os meus filhos singrarão numa vida próspera, mas eu viverei convencido de que eles vivem uma vida miserável ( o que faria sentir miseravelmente); a outra, os meus filhos viverão de facto uma vida de miséria, mas eu viverei convencido de que eles singram numa vida próspera ( o que me faria muitíssimo feliz). Assim que eu anunciar a minha escolha, a minha memória de ter feito a escolha esfumar-se-á; aliás, esfumar-se-á inclusive a minha memória de ter almoçado com o diabinho. sabe que mais? Vou escolher a hipótese «filhos felizes, eu miserável». Não sou nenhum anjo, mas este acto é altruísta.


domingo, 25 de novembro de 2012

Argumentos válidos

Foto: Aires Almeida
- Todos os argumentos bons são válidos?
- Sim, a validade é uma condição necessária para um  argumento ser bom.
- E todos os argumentos válidos são bons?
- Não, a validade não é uma condição suficiente para um argumento ser bom.

Provavelmente a maior parte dos argumentos válidos não são bons, pois parece mais fácil dar exemplos de argumentos válidos que não são bons do que de argumentos válidos que sejam bons. Eis alguns exemplos de argumentos válidos que não prestam:

Exemplo 1

Deus existe.
Logo, Deus existe.

Exemplo 2

Deus existe e não existe.
Logo, Portugal fica em África.

Exemplo 3

Portugal fica em África.
Logo, Deus existe ou não existe.

Exemplo 4

Portugal fica em África.
Portugal não fica em África.
Logo, Deus existe.

Mas que são válidos, lá isso são.