Os filósofos distinguem frequentemente três noções de conhecimento: o conhecimento proposicional (o saber que), o conhecimento prático (o saber como) e o conhecimento por contacto. A investigação e o estudo da generalidade das ciências (humanas ou da natureza) consiste em obter conhecimento proposicional, expresso por meio de frases declarativas.
Isso é diferente do chamado conhecimento prático, mediante o qual se relaciona um sujeito não com uma proposição mas antes com uma dada acção. É o que se passa quando dizemos saber como lidar com situações de grande pressão ou como andar de patins ou como tocar bateria. Este tipo de conhecimento exige sobretudo treino e não envolve as noções de verdadeiro e falso; antes as de correcto e incorrecto.
O conhecimento por contacto tem sido redefinido por alguns autores como conhecimento experiencial, enfatizando-se que quando alguém diz «sei o que é estar apaixonado e não ser correspondido» ou «sei o que é estar desesperado», não se verifica qualquer relação entre um sujeito e uma acção mas entre um sujeito e certo tipo de experiência. Claro que a experiência é, muitas vezes, a de estar num certo lugar, a de conviver com uma dada pessoa ou de ter visto uma determinada coisa.
O psicólogo americano David Kolb considera que, no domínio da aprendizagem, o conhecimento experiencial é o mais significativo. Ele diz haver duas dimensões básicas do processo de aprendizagem: preensão e transformação.
A preensão inclui, por sua vez, dois modos de aquisição de experiência: a apreensão, que é um modo directo, imediato e concreto de aquisição de experiência e a compreensão, que é um modo indirecto e simbólico de representação da experiência adquirida.
A transformação também pode ter dois sentidos: a reflexão (introversão) e a acção (extroversão).
Com base nesta categorização, Kolb diz haver quatro diferentes orientações individuais com vista à aprendizagem:
Poderíamos resumir designando-as simplesmente como a orientação para a espontaneidade, a orientação para a ponderação, a orientação para a teorização e a orientação para a realização (concretização), respectivamente. Isto torna claro que as quatro orientações assentam nas principais características psicológicas ou capacidades individuais de cada um. A aprendizagem consistiria, por sua vez, em transformar essas características ou capacidades em competências operacionais.
Claro que este tipo de aprendizagem (ou de conhecimento experiencial) de modo algum substitui o pedagogicamente tradicional saber que. Por isso, nenhum sistema educativo poderá alguma vez pôr de parte o conhecimento proposicional. Mas o reverso também parece ser verdadeiro: não há conhecimento proposicional que torne dispensável o chamado conhecimento experiencial.
Assim, cabe perguntar: por que razão a maior parte dos sistemas educativos estão quase totalmente centrados no saber que e, vá lá, um pouco no saber como, mas nada ou quase nada no conhecimento experiencial?
Depois de pensar um pouco, parece-me que a melhor explicação é que o saber que fica bastante mais barato: não só porque o seu custo é mais baixo mas também porque produz menos desperdício. Será mesmo?
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