A Cigarra Filosófica de Bernard Suits desafiando os definiófobos, em particular os wittgensteinianos: "jogar um jogo é uma tentativa voluntária de superar obstáculos desnecessários".
Silva: Mas se queres ir para C, por que diabos defendes uma regra que te impede de seguir a rota mais rápida e conveniente?
Silva: Mas se queres ir para C, por que diabos defendes uma regra que te impede de seguir a rota mais rápida e conveniente?
Júnior: Ah, mas repara que não
tenho qualquer interesse particular em estar em C. Não é esse o meu
propósito, excepto de um modo secundário. O meu propósito fundamental é mais
complexo. Trata-se de “ir de A para C sem passar por B”. E não tenho como
realizar esse propósito lá muito bem se passar por B, certo?
S: Mas por que razão queres
fazer isso?
J: Quero fazê-lo antes que o
Rebelo o faça, entendes?
S: Não, não entendo. Isso não
explica coisa alguma. Por que haveria o Rebelo, seja ele quem for, de querer fazer
isso? Presumo que me dirás que ele, como tu, tem apenas um interesse secundário em estar de todo em C.
J: É isso mesmo.
S: Bom, se nenhum de vós quer
realmente estar em C, então que diferença poderia fazer o facto de um ou outro
chegar lá primeiro? E por que razão, pelo amor de Deus, haveriam de evitar B?
J: Deixa-me fazer-te uma
pergunta. Por que razão queres ir para C?
S: Porque vai haver um bom
concerto em C, e quero assistir a esse concerto.
J: Porquê?
S: Porque gosto de concertos,
evidentemente. Não será essa uma boa razão?
J: Uma das melhores que há. E
eu gosto de, entre outras coisas, tentar chegar a C a partir de A sem passar
por B antes que o Rebelo o faça.
S: Bom, eu não.
Portanto, por que razão me haveriam de dizer que não posso passar por B?
J: Oh, estou a ver. Devem ter
pensado que estás na corrida.
S: Na quê?
S: Na quê?
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