quarta-feira, 23 de março de 2011

A música é capaz de representar algo?


O Cisne, do compositor francês Camille Saint-Saëns, faz parte da suite musical O Carnaval dos Animais. João Miguel Cunha (na viola de arco) e João Pedro Cunha (no violino) ofereceram-nos uma interpretação desta peça, originalmente composta para dois pianos e orquestra, na abertura da conferência sobre filosofia da música, que se realizou na passada sexta-feira na nossa escola. 

Vale a pena ter em conta o título enquanto se escuta com atenção esta peça. Conseguem relacionar uma coisa com a outra? Será que a música pode representar algo, quer se trate de cisnes ou de outra coisa qualquer? Se pode, de que maneira o faz? Um famoso crítico musical austríaco do séc. XIX, Eduard Hanslick, defende no seu livro Do Belo Musical, considerado o livro fundador da filosofia da música, que a música nada mais representa a não ser ideias musicais. Concordam? Eis mais um exemplo de um problema de filosofia da música. 

5 comentários:

  1. A musica e capaz de represendar o sintimento das pessoas.
    Tambem e capaz de acalmar uma pessoa qual quere tipo.
    (etc)

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  2. Podemos relacionar o que ouvimos com o título da música sim, mas se a música tivesse outro título não faríamos outra representação mental? É a música em si ou o que podemos dizer a partir dela que fazemos as nossas representações?

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  3. Penso que a música é capaz de representar recordações e sentimentos, daí discordar com Eduard Hanslick. Podemos associá-la a certas memórias tanto boas como más, a pessoas, a elementos da natureza, a objectos e situações e fazer uma representação mental. Por exemplo: um casal pode associar uma determinada música ao seu primeiro dia de namoro, se esta música era aquela que era reproduzida naquele momento. Neste caso a música faz-me lembrar o voo de um cisne mas poderia representar outra coisa qualquer pois a música é subjectiva. Eu acho também que quando um músico cria a sua composição, ele consegue transmitir nela o seu próprio estado de espírito e as suas memórias, como faz um pintor nos seus quadros. Porém é muito difícil de explicar como nós conseguimos fazer esta representação mental através dos sons...

    Oxana nº21 10ºN

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  4. Posso ficar muito aborrecido com uma obra literária, por exemplo, um romance, mas daí não se segue que a obra representa o aborrecimento. As associações mentais que fazemos com determinados objectos não são prova de que esses objectos têm propriedades representacionais ou que representam as coisas com que mentalmente as associamos. Posso associar um lugar a um evento feliz ou traumático na minha vida, mas daí não se segue que esse lugar representa o evento. Dizer que "representa para mim" é apenas uma forma inadequada de dizer que estabeleço as tais associações, não que o lugar é ou contém uma representação de qualquer evento particular. O que estou a dizer é que não consigo fazer uma representação mental do lugar sem ao mesmo tempo fazer uma representação mental do evento.

    Quanto ao compositor, temos indícios suficientes para crer que não é preciso um músico estar triste para fazer música triste, nem precisa de estar aos pulos de alegria para compor ou tocar uma melodia alegre. Pelo que não há uma relação necessária entre os estados emocionais do compositor e as qualidades emocionais que a música parece ter.

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  5. COMO DESCREVER A MÚSICA


    A música é um fenômeno acústico para o prosaico. Um problema
    de melodia, harmonia e ritmo para o teórico; e o desdobramento das asas da
    alma, o despertar e a realização de todos os sonhos e anseios de quem verdadeiramente a ama...

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