domingo, 19 de janeiro de 2025

O musicólogo da mathesis universalis

Compendium Musicae (Compêndio de Música) foi o primeiro livro que escreveu. E foi, afinal, o primeiro passo do ambicioso projecto que viria a ser designado de mathesis universalis. Lá se tenta mostrar como a união da matemática com a mecânica conseguem despertar certas paixões da alma. 

Nasceu em França, viveu vários anos na Holanda e morreu na Suécia. Em pouco mais de 50 anos de vida conseguiu revolucionar o pensamento filosófico. Mas licenciou-se em direito, não em filosofia. A sua mãe, Jeanne, faleceu quando ele era uma criança e o seu pai, Joachim, foi um parlamentar. Apesar de nunca ter casado, foi pai da menina Francine (uma filha ilegítima, como se dizia então), que morreu aos 5 anos de idade, causando-lhe o maior desgosto da sua vida.

De resto, foi um oficial militar orgulhoso, apesar de não ter chegado a combater. Também dava muita importância ao modo de vestir e preferia a companhia dos homens de negócios aos académicos e eruditos. O seu inimigo letal foi o rigoroso Inverno de Estocolmo, que o matou com uma pneumonia, em 1650. E foi assim que a rainha Cristina ficou sem o mestre particular de filosofia, que a muito custo ela convencera a rumar à Suécia.

Poucos sabem que ele escreveu sobre música. No entanto, o seu compêndio influenciou o célebre compositor Jean-Philippe Rameau, que também escreveu um Tratado da Harmonia Reduzido aos seus Princípios Naturais. Por outro lado, o compêndio foi criticado pelo filósofo e compositor Jean-Jacques Rousseau, o que não é de espantar, tendo em conta que Rousseau tinha a tendência para desprezar tudo o que não brotasse da sua mente brilhante. 

Claro que a produção posterior ao Compêndio acabou por ofuscar irremediavelmente esta pequena obra de estreia. E assim se tem mantido na penumbra. Contudo, não deixa de ser a primeira peça da tal mathesis universalis.

Sem comentários:

Enviar um comentário