quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Os ateus e o Natal
domingo, 20 de dezembro de 2009
argumentos de carácter emocional
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sábado, 12 de dezembro de 2009
As mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos?
Juiz - Outra vez por cá, senhor Abílio? Está a tornar-se um frequentador assíduo deste tribunal. Parece que voltou a agredir outra pessoa.
Abílio - Teve de ser! Que hei-de eu fazer?
Juiz - Quer dizer que não podia evitar? Como assim? Olhe que há muita gente que nunca agrediu seja quem for. Portanto, não me venha dizer que não tinha como evitar.
Abílio - Pois, há quem nunca tenha agredido ninguém porque nunca se encontrou na mesma situação que eu. Até o senhor doutor juiz faria o mesmo, se estivesse no meu lugar.
Juiz - Mas... diga lá, então, o que aconteceu.
Abílio - Esmurrei uma pessoa que me insultou, chamando-me «bufo». Claro que tive de defender a minha honra.
Juiz - Mas ela ter-lhe chamado bufo, ou delator, não é caso para a esmurrar. Há muitas pessoas que, no seu lugar, não o fariam. Eu, por exemplo, nunca o faria.
Abílio - É porque o senhor doutor juiz não se consegue colocar mesmo no meu lugar.
Juiz - É claro que consigo! E garanto-lhe que nunca procederia assim. Também já disseram de mim coisas bem desagradáveis. E, olhe, nem sequer liguei!
Abílio - Mas isso não significa que se está a imaginar no meu lugar. Pôr-se no meu lugar não é só passar por uma situação semelhante. É também pensar como eu, ter tido a mesma educação que eu, a mesma cultura, as mesmas vivências e até ter as mesmas características genéticas que eu.
Juiz - Bem, por isso é que somos diferentes, claro. Mas explique lá melhor onde quer chegar.
Abílio - Veja bem, provavelmente o senhor doutor foi educado de maneira muito diferente, mas eu fui ensinado desde pequeno a reagir sempre que me insultam. Além disso, no meio em que fui criado, «bufo» é a pior coisa que se pode chamar a uma pessoa, pelo que temos de defender a nossa honra. Caso contrário, somos mal vistos e considerados cobardes pelos nossos amigos, que é do pior que nos pode acontecer. Também lhe digo que a violência sempre fez parte da minha vida, de maneira que passei a encará-la como algo normal e aceitável. Além disso, sou uma pessoa muito nervosa e sou agressivo por natureza. Herdei essas características do meu pai e não tenho culpa disso. Portanto, pôr-se no meu lugar é pôr-se na minha cabeça, ter os pensamentos e desejos que eu tenho, olhar para as coisas com os meus olhos e sentir as coisas como eu as sinto. Não tenho culpa de pensar como penso, de sentir como sinto e de ser como sou.
Juiz - Ora, ora, está a querer dizer que não tinha opção?
Abílio - Dada a maneira como fui educado, o meio em que me movo, as experiências por que passei e a minha própria natureza, não podia ter feito outra coisa. Se o senhor doutor juiz estivesse na minha pele e na minha cabeça, faria exactamente o mesmo.
Juiz - Salvo seja!
Abílio - Lá está! Não consegue pôr-se exactamente no meu lugar. Mas se as circunstâncias fossem exactamente as mesmas, o efeito seria também o mesmo. Portanto, dado as circunstâncias serem essas e não outras, não tive realmente opção.
Juiz - Não me venha com histórias! O senhor fez aquilo que quis fazer.
Abílio - Mas é claro que fiz o que queria fazer. Nunca o neguei. Mas o que digo é que algo que eu não controlo me levou a querer fazer isso. Quis fazer o que fiz, sem dúvida, mas a verdade é que não mando realmente nos meus desejos.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Fazemos mesmo o que queremos?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Dia mundial da filosofia: respeitar os filósofos
Eis, pois, algumas afirmações de filósofos importantes que, com o devido respeito, me parecem disparatadas:
Até aqui os filósofos têm-se dedicado a interpretar o mundo, porém o que importa é transformá-lo. Marx, autor da frase, dava uma prioridade à praxis (prática ou acção) em relação à teoria. Mas há demasiados exemplos de que a prática, quando não é iluminada por uma compreensão prévia da realidade, acaba por se tornar cega e mesmo perigosa. Como sabemos o que transformar ou sequer se podemos mudar o que ainda não tentámos compreender? E será que é realmente importante mudar o que eventualmente possa estar bem? Não será fundamental saber antes o que está bem ou mal e porquê para sabermos se vale realmente a pena mudar seja o que for? Assim, a ideia subjacente de que a teoria e a prática são coisas divergentes é manifestamente errada e até perigosa.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Quantas acções?
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Mais acções?

Qual é a falácia?
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Quem argumenta melhor?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Será que escolhemos realmente o que fazemos?
Em 1924, dois adolescentes de Chicago, Richard Loeb e Nathan Leopold, raptaram e assassinaram um rapaz chamado Bobby Franks apenas para provar que conseguiam fazê-lo. O crime impressionou o público. Apesar da brutalidade do seu acto, Leopold e Loeb não pareciam especialmente perversos. Provinham de famílias ricas e eram ambos estudantes excelentes. Aos dezoito anos, Leopold era o licenciado mais jovem na história da Universidade de Chicago, e, aos dezanove anos, Loeb era a pessoa mais nova que se tinha licenciado na Universidade de Michigan. Leopold estava prestes a entrar na Escola de Direito de Harvard. Como era possível que tivessem cometido um assassinato absurdo? O seu julgamento iria receber o mesmo tipo de atenção que o de O. J. Simpson, setenta anos mais tarde.
Os seus pais contrataram Clarence Darrow, o advogado mais famoso da altura, para os defender. Darrow era conhecido como o paladino das causas impopulares — tinha defendido sindicalistas, comunistas e um negro acusado de ter morto um membro de uma turba racista. Três anos depois, no seu caso mais famoso, defendeu John Scopes, do Tennessee, da acusação de ter ensinado a evolução numa aula do ensino secundário. Darrow era também o adversário da pena de morte mais conhecido no país. Em 1902, tendo sido convidado pelo director da Prisão de Cook County para dar uma conferência aos presidiários, disse-lhes o seguinte:
Na verdade, não acredito minimamente no crime. No sentido habitual da palavra, não existem crimes. Não acredito em qualquer distinção entre as verdadeiras condições morais das pessoas que estão dentro e das que estão fora da prisão. São iguais. Do mesmo modo que as pessoas que estão aqui dentro não poderiam ter evitado estar aqui, as pessoas que estão lá fora também não poderiam ter evitado estar lá fora. Não acredito que as pessoas estejam na prisão porque o mereçam. Estão na prisão apenas porque não puderam evitá-lo, devido a circunstâncias que ultrapassam inteiramente o seu controlo e pelas quais não são minimamente responsáveis.Estas ideias iriam figurar preeminentemente na defesa de Leopold e Loeb. [...]
Leopold e Loeb tinham já admitido a sua culpa, pelo que o trabalho de Darrow era apenas mantê-los longe da forca. Não haveria um júri. O juiz escutaria os argumentos dos advogados e decidiria depois se os réus seriam enforcados.
Darrow falou durante mais de doze horas. Não sustentou que os rapazes eram loucos. Ainda assim, disse, não eram responsáveis pelo que tinham feito. Darrow apelou a uma nova ideia que os psicólogos tinham proposto, nomeadamente que o carácter humano é moldado pelos genes do indivíduo e pelo ambiente. Disse ao juiz: «As pessoas inteligentes sabem agora que todo o ser humano é o produto de uma hereditariedade infindável que o precede e de um ambiente infinito que o rodeia».
Não sei o que levou estes rapazes a realizar esse acto louco, mas sei que houve uma razão para que o tenham realizado. Sei que não o produziram por si. Sei que qualquer uma de um número infindável de causas que remontam ao começo pode ter actuado na mente destes rapazes — que vos pedem para enforcar por malícia, ódio e injustiça — porque, no passado, alguém pecou contra eles.
Deveremos censurar Dickie Loeb por causa das forças infinitas que conspiraram para o formar, das forças infinitas que actuaram na sua criação muito antes de ele ter nascido, sabendo que, por causa dessas combinações infinitas, ele nasceu sem [o tipo correcto de emoções]? Se devemos, então tem de haver uma nova definição de justiça. Deveremos censurá-lo pelo que não teve e nunca teve?
O juiz deliberou durante um mês e depois condenou Leopold e Loeb a prisão perpétua. Doze anos mais tarde, Richard Loeb, que fora o instigador do crime, foi morto numa contenda com outro prisioneiro. Nathan Leopold passou trinta e quatro anos na prisão, durante os quais deu aulas a outros prisioneiros, ofereceu-se como cobaia para experiências médicas com a malária, dirigiu a biblioteca da prisão e trabalhou no hospital da prisão. Depois ficar em liberdade condicional, foi viver para Porto Rico, onde continuou a esforçar-se até ao fim da vida por se «tornar novamente um ser humano», sobretudo através de trabalhos que implicavam ajudar os outros. Morreu em 1971.
James Rachels, Problemas da Filosofia (Lisboa: Gradiva, 2009, pp. 155-9)
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Mais uma derivação
domingo, 8 de novembro de 2009
Uma questão básica: o que é uma acção?
sábado, 7 de novembro de 2009
Humor filosófico
Um exercício de lógica para o 11º ano
¬(S→P)→¬P,¬(¬P∨¬Q),Q→(S→P) |-- S→P
Nota 1: o martelo sintáctico está um bocado improvisado, mas acho que se percebe.
Nota 2: os alunos do 10º ano não se assustem com o que vão apanhar no 11º, pois isto é mais simples e divertido do que parece.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Avaliar teorias
Há pessoas que não se interessam por política e nem sequer procuram informar-se sobre as ideias que os políticos dos diferentes partidos defendem para governar o país. O voto dessas pessoas não depende, pois, de uma escolha informada e consciente, mas de motivos que pouco ou nada têm que ver com a competência dos políticos e com as soluções que propõem. Acontece que o número de pessoas que procede assim é elevado, a ponto de poderem ser elas a decidir quem vai governar o país, mesmo que não percebam nada do assunto. Ora, isto não deveria acontecer. Como se resolve este problema? A teoria da Margarida é que só as pessoas que se interessam por política e que estão informadas devem ter direito a voto, pois só assim se pode garantir um bom governo para o país.