terça-feira, 20 de agosto de 2024

A impressionante res cogitans de Descartes

«René Descartes, filósofo e cientista francês do século XVII, ficou muito impressionado com a sua própria mente, e tinha toda a razão. Chamou-lhe res cogitans, ou coisa pensante e, ao refletir, isso impressionou-o como uma capacidade milagrosa. Se alguém tinha o direito de se maravilhar com a sua própria mente era Descartes. Ele foi, sem dúvida, um dos maiores cientistas de todos os tempos, com grande trabalho em matemática, óptica, física e fisiologia. Foi também o inventor de uma das mais valiosas ferramentas de pensamento de todos os tempos, o sistema das «coordenadas cartesianas» que nos permite traduzir álgebra em geometria, abrindo caminho para o cálculo e permitindo-nos traçar quase tudo o que queremos investigar, desde o crescimento do porco-formigueiro às flutuações do preço do zinco. Descartes propôs a primeira TDT (teoria de tudo) original, um protótipo de uma Grande Teoria Unificada, que ele publicou sob o imodesto título Le Monde (O Mundo). Pretendia explicar tudo, desde as órbitas dos planetas e a natureza da luz até às marés, de vulcões a ímanes, por que razão a água forma gotas esféricas, como se obtém fogo através da fricção do sílex, e muito, muito mais. A sua teoria estava quase toda errada, mas aguentou-se surpreendentemente bem e é estranhamente plausível mesmo a partir de uma retrospectiva atual. Foi preciso chegar a Isaac Newton para aparecer uma física melhor, com os seus famosos Principia, uma refutação explícita da teoria de Descartes.»

Não teria já Aristóteles uma TDT também? E, já agora, igualmente errada?

Tenha razão ou não, este tipo continua a escrever com graça. Dá gosto lê-lo.


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