segunda-feira, 4 de abril de 2011

Será que basta fazermos o bem para sermos boas pessoas?

Esta é uma das perguntas que coloquei aos meus alunos do 10º ano no seu último teste de filosofia. A resposta não se encontra em manual algum; é mesmo para os alunos pensarem por si, tendo em conta, como seria de esperar, o que foi discutido nas aulas. Quem quiser, pode deixar a sua resposta na caixa de comentários

2 comentários:

  1. Boa Noite,

    Penso que não basta fazer o bem para se ser uma boa pessoa, tal como afirma Immanuel Kant.
    Na minha opinião as consequências não são o que mais de valor tem uma determinada acção, ao contrário do que defende John Stuart Mill.
    Na verdade, o que realmente conta é a intenção dessa acção. Neste caso refiro-me ao imperativo categórico, um princípio racional fundamental.
    Eis um exemplo: se decidirmos ajudar uma pessoa que nos pediu auxílio, essa acção tem valor moral. No entanto, se só a ajudarmos para obter reconhecimento social, essa acção já não vai ter valor moral.
    Segundo Kant, e de acordo com o seu imperativo categórico, devemos sempre agir por dever, ou seja, este imperativo é-nos apresentado como uma obrigação absoluta ou incondicional; devemos também agir apenas segundo as máximas que queremos que se tornem universais; Kant formula ainda a ideia de que não devemos usar as pessoas para atingir os nossos fins. É algo de muito mau carácter forçar alguém a fazer algo que não quer. Mas vendo um caso oposto, se eu precisasse de ajuda para resolver uma situação financeira, e um amigo me ajudasse de livre vontade, sem que lhe tivesse infligido qualquer tipo de chantagem, então aí dir-se-á que o imperativo categórico foi respeitado, tendo sido a sua autonomia foi prezada.
    Devemos ter ainda em conta o motivo da acção que vamos realizar. Caso o seu motivo seja o dever, então a acção é moralmente correcta.
    Penso então que isto explica porque não basta fazer o bem para se ser uma boa pessoa.

    Catarina Garrido, nº8, 10ºN

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  2. Olá, Catarina. Quer dizer que dificilmente podemos afirmar de seja quem for que é boa pessoa, pois precisaríamos antes de conhecer as intenções de tal pessoa e isso é algo que não nos é directamente acessível. Por exemplo, como poderíamos saber se a Madre Teresa de Calcutá é boa pessoa, se não temos acesso directo à sua mente para sabermos quais as suas intenções ao ajudar os pobres?

    Isto não é bem uma objecção, mas temos de ver se a ideia de que não basta fazer o bem para a nossa acção ser boa está de acordo com o modo como habitualmente avaliamos os outros. Pode não ser uma objecção, mas não deixa de colocar uma dificuldade que é preciso dissipar.

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