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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Onde há pessoas há luz



Esta imagem da Europa iluminada é fantástica. É uma imagem de uma pequena parte da Terra, mas quase parece a imagem espelhada dos céus, como se fosse o recorte de uma daquelas belíssimas fotos das galáxias, tiradas com o auxílio de potentes telescópios. Só que, ao contrário das galáxias, todos estes pontos e estas manchas luminosas são artificiais. Onde há mais luz é onde há mais pessoas.

Que cidades serão aquelas, onde as pessoas mais se concentram? Num exercício mais ou menos ocioso, dei-me ao trabalho de procurar a resposta na edição de 2016 de Demographia: World Urban Areas, de que seleccionei apenas as 50 mais populosas áreas urbanas europeias. Não se trata das maiores cidades, mas das mais populosas áreas urbanas, quase todas elas ligadas às maiores cidades. O resultado é o que está na tabela seguinte (na segunda coluna é indicado o lugar que essas áreas urbanas ocupam na lista das mais populosas do mundo e, como se vê, a mais populosa área urbana da Europa é apenas a 15.ª em termos mundiais). Note-se também que as áreas urbanas mais populosas não são necessariamente as maiores; algumas áreas urbanas mais pequenas do que outras podem, contudo, ter mais população devido à sua maior densidade populacional.    


Como uma coisa leva a outra, a curiosidade levou-me a pesquisar os resultados por país e alinhavei os quadros seguintes (os dados sobre Portugal foram retirados de outras fontes também, pois este relatório só refere as áreas urbanas portuguesas de Lisboa e do Porto). 

Quem for de férias e gostar de encontrar muitas pessoas, pode encontrar aqui algumas ideias. Por sua vez, quem preferir algum sossego, pode ficar também com uma ideia do que evitar. 







segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Sonhos para as noites de Verão

Para muitos de nós as férias de Verão começaram hoje. Além de outras coisas repousantes, podemos agora levantar-nos um pouco mais tarde e ter sonos mais prolongados. 

Sonos prolongados trazem mais sonhos. É, pois, tempo para todos os sonhos do mundo. Desidério Murcho sonhou acordado e registou esses sonhos no livro acabado de publicar pelas Edições 70, surpreendentemente intitulado Todos os Sonhos do Mundo e Outros Ensaios. Esta é a minha sugestão de leitura para as férias. 

É um livro que tem a vantagem de se poder ler acordado, de modo a não interferir nos outros sonhos que temos enquanto dormimos. Assim, podemos tentar realizar o sonho de passar as noites e os dias a sonhar todos os sonhos do mundo, incluindo o sonho de voar com os pés bem assentes no chão — a que se chama filosofia.

Deixo abaixo um curto excerto, só para preparar a viagem a este intrigante mundo dos sonhos.

Boas férias..., quer dizer, bons sonhos..., quer dizer, boas leituras!


A filosofia atrai as pessoas que gostam da aventura de pensar, e que não têm medo de saber que não sabem. Em filosofia tendemos a pensar que somos mais sábios quando sabemos que não sabemos do que quando pensamos que sabemos mas não sabemos.
Muitas pessoas irritam-se com a filosofia porque querem respostas e já se esqueceram da excitação que é procurar respostas a perguntas tão difíceis que não há respostas consensuais entre os especialistas. Esqueceram-se da excitação que é explorar o desconhecido, sem garantia alguma de descobrir todos os seus mistérios. Para essas pessoas, a filosofia é incompreensível porque, em vez de nos dar uma só resposta para cada problema, dá-nos várias: são as várias tentativas dos filósofos para responder adequadamente aos problemas da filosofia. Só que outros filósofos discordam, e então gera-se uma discussão de ideias.
Para quem gosta de raciocinar, a filosofia é a coisa mais preciosa que temos. Muitíssimo mais preciosa do que a ciência, muitíssimo mais preciosa do que as artes, muitíssimo mais preciosa do que as religiões. Porque é na filosofia que ficamos frente a frente com as perguntas mais difíceis que os seres humanos são capazes de fazer, e não desistimos de tentar responder da maneira mais rigorosa possível, sem abandonar a nossa racionalidade comum, sem invocar autoridades — seja autoridades religiosas, seja autoridades científicas, seja até autoridades filosóficas!